Entrevista Dr. Anderson na JM Magazine - Abril/2022
Acompanhe a entrevista que o Dr. Anderson Dias concedeu em Abril deste ano à revista uberabense JM Magazine, contando um pouco sobre sua trajetória, sua formação acadêmica e desmistificando alguns tópicos acerca da cirurgia da coluna, sua especialidade.
1) Conte-nos um pouco sobre sua vida, suas experiências, preferências pessoais…
Tenho 38 anos e sou nascido em Uberaba. Me formei em 2008 na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Ingressei na residência médica em ortopedia em 2010, também pela UFTM, e finalizei minha formação em cirurgia da coluna em 2015 pelo grupo LifeCenter/Ortopédico de Belo Horizonte. Tive a oportunidade de realizar uma especialização em cirurgia minimamente invasiva da coluna pelos grupos Spine Colorado, em Durango no Colorado, e Spine Foundation, em San Diego na Califórnia. Retornei em 2015 para Uberaba a convite do Dr. Jorge Mauad para compor sua equipe, pelo qual tenho eterna gratidão. Hoje componho a equipe de ortopedia e de perícia médica da UFTM, além de ser sócio-fundador do Instituto Sem Dor (ISD). Concluí o mestrado em fisioterapia pela UFTM e estou cursando um MBA de gestão em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas. Dentro da cirurgia da coluna tenho paixão pelos tratamentos de hérnias de disco e escoliose.
2) O senhor é especialista em cirurgia da coluna vertebral. Em quais casos essa cirurgia é indicada?
A cirurgia da coluna é sempre a última alternativa para as diversas patologias. Mas para ficar mais claro vamos falar da hérnia de disco. As hérnias de disco nada mais são do que o extravasamento do interior do disco em direção aos nervos, o que causa a famosa dor ciática. Quando indicamos cirurgia para hérnia de disco? 1. Quando a lesão neurológica está presente. Por exemplo, o paciente chega sem força no pé ou com alteração do controle da urina ou das fezes, o que chamamos de síndrome da cauda equina. Em todos os outros casos, o tratamento é relativo e não há urgência, por isso o tratamento conservador com medicamento e fisioterapia pode ser indicado. Na falha do tratamento conservador indica-se o tratamento cirúrgico.
3) Até algum tempo atrás havia uma crença de que "cirurgia da coluna quando não mata, aleija". O que mudou nos últimos anos para desmistificar essa cirurgia?
Esse realmente é um mito que diariamente enfrentamos no consultório. Hoje em dia, com o avanço das técnicas cirúrgicas e os recursos para realização dos procedimentos, as complicações cirúrgicas diminuíram muito. Por exemplo, recentemente entrou no rol da ANS e passou a ser de cobertura obrigatória pelos convênios de saúde, a cirurgia videoendoscópica da coluna. Nessa cirurgia utilizamos uma câmera para acessar a coluna e localizar a hérnia de disco através de um corte na pele de menos de 1 cm. Essa cirurgia pode ser realizada com o paciente acordado sob sedação e ele recebe alta com um tempo médio de 12 horas de internação. O resultado é a recuperação mais rápida e o retorno precoce ao trabalho. Nosso grupo realiza essa cirurgia desde 2018. Outro recurso muito utilizado é o uso da neuromonitorização intraoperatória que nada mais é do que a monitorização dos nervos e medula durante a cirurgia, o que detecta qualquer alteração nessas estruturas aumentando a segurança do procedimento.
4) Como saber se a dor que o paciente queixa decorre de problema de coluna ou é dor lombar apenas? Ainda existe muita confusão envolvendo esse diagnóstico?
Quando avaliamos os dados do Ministério da Saúde comparado com a literatura mundial observamos que em torno de 65 a 80% das pessoas vão apresentar dor na coluna em alguma fase da vida. Mas quando essa dor deve preocupar? As dores que devem ser investigadas mais prontamente são as que ocorrem principalmente no período noturno acordando o paciente, aquelas que vêm acompanhadas de perda de força, alteração urinária ou intestinal, e aquelas que surgem após algum trauma seja de alta ou baixa intensidade. Essas podem representar algum tipo de doença relacionada à coluna ou fratura. Lógico que toda dor merece atenção e deve ser avaliada por profissional habilitado.
5) Crianças que nascem com uma perninha menor do que a outra podem corrigir esse problema com cirurgia de coluna?
Existem doenças da coluna que geram uma falsa impressão de que a criança ou adolescente apresentam alteração de comprimento das pernas. A mais comum é a escoliose. Escoliose é uma deformidade em "S" da coluna em que há, por exemplo, elevação de um dos ombros, assimetria da cintura e a presença de giba, que nada mais é do que um "caroço" que aparece nas costas quando a criança inclina pra frente como se fosse pegar algo no chão. Isso dá uma falsa impressão de que uma perna é menor do que a outra, mas trata-se de um problema da coluna e deve ser tratado o quanto antes. Recentemente tivemos um projeto aprovado pelo CNPQ (órgão nacional que estimula pesquisa), através do Departamento de Fisioterapia da UFTM, para desenvolvermos um estudo de identificação precoce de escoliose na Rede Básica de Saúde. Está em andamento e esperamos contribuir muito com a sociedade com os resultados obtidos.
6) Mudando de assunto, por que o gesso caiu em desuso para as imobilizações de fraturas ósseas?
A imobilização ainda é a melhor forma de tratar a maioria das fraturas. Hoje temos algumas opções de imobilização, dentre elas o gesso convencional, o gesso sintético e as imobilizações personalizadas através de impressões em 3D. Considero que toda fratura deve ser tratada de forma individualizada e que a retirada da imobilização e o início de fisioterapia deve ser introduzida o quanto antes. Costumo falar que o resultado de um bom tratamento, seja conservador com imobilização ou cirúrgico, depende além da técnica adequada, claro, de um tratamento em equipe que inclua uma boa reabilitação fisioterápica.
7) O senhor tem planos para o futuro? Pode contar algum?
Quando penso no futuro lembro de uma frase de Albert Einstein: "O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de existir." Essa frase me norteia no sentido de que sempre questiono o que é o melhor para meus pacientes. O que faria o tratamento deles melhor e o que poderíamos fazer de diferente baseado em evidências científicas e conhecimentos técnicos. Nesse intuito já demos o primeiro passo, que foi a criação do Instituto Sem Dor (ISD). Grupo que reúne profissionais competentes e atualizados na área da saúde e que buscam tratamento transdisciplinar para dor e outras patologias. Hoje somos 28 profissionais que trabalham em conjunto, entre eles médicos de diversas especialidades, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, psicólogos e nutricionista. Oferecemos serviços de fisioterapia, quiropraxia, acupuntura, pilates e em breve serviço de radiografia e ultrassonografia. Os tratamentos se baseiam em protocolos individualizados para cada paciente. O ISD completa 1 ano no mês de abril e estamos felizes com os resultados dos tratamentos. Ainda existem vários serviços que serão implantados nos próximos meses visando sempre o bem-estar e a saúde dos nossos pacientes. Uberaba merece esse cuidado!
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